domingo, setembro 30, 2012

Rapina e razia


 

 Rapina e  razia

Lembramo-nos das leituras de história antiga que uma das formas de enriquecimento de uma família era a de tomar posse das terras de outrem por razões de dívidas. Podendo a família espoliada continuar a viver na terra que tinha sido sua, mas agora na condição de servidão. Outra forma era a de clãs ou tribos, ou mesmo reinos invadirem pela força outros territórios efetuando ataques de rapina das riquezas de que se apoderavam. Contavam normalmente com traidores locais que lhes davam informações e lhes abriam as cidades a rapinar.  Regressavam ao eu território deixando o outro empobrecido pela força. Por vezes, a razia era feita com tão grande  intensidade de destruição, que  deixava o território sem capacidade de se regenerar por muito tempo. A tudo isto designamos barbárie.

Os tempos modernos criaram novas formas de relacionamento entre os povos, mas permanece a barbárie travestida.  Modernamente os rapinadores financeiros com cúmplices locais fazem políticas de aliciamento económico a cidadãos com vista a obter a sua dependência e servidão. Depois de endividados exigem juros agiotas e impagáveis. Dessa forma, fazem aumentar a dívida e os juros. Com a ameaça de que não emprestam mais dinheiro aos endividados, fazem exigências de cortes que afetam a vida das pessoas. E para garantir o pagamento exigem que lhes vendam por barato tudo o que é rentável e lhes interessa. É a rapina e a razia.

O modo como atuaram em Portugal é elucidativo.  Em combinação com o governo, não fizeram uma política de arrendamento e empurraram os portugueses para a compra de casa, dizendo que lhes pagariam os juros através do retorno em IRS. Ora o IRS é dinheiro do Estado, ou seja de nós todos. Como o governo não pode passar diretamente para os bolsos dos banqueiros o dinheiro que é de nós todos, arranjou essa triangulação. Dava-nos no IRS o que nós dávamos nos juros. Assim se fez passar Milhões do Orçamento de Estado para os lucros das financeiras. Mas as grandes construtoras também quiseram entrar no roubo. A maneira de passar dinheiro do Orçamento de Estado para os grandes grupos económicos era encomendar obras não necessárias ou de preços inflacionados. Através do Governo ou das Autarquias fez-se passar milhões do que se recolhia em impostos para os cofres dos grandes grupos. Foram as encomendas dos Centros Culturais, Estádios, Scuts, PPPs, com contratos que garantiam rendas por várias décadas aos grupos económicos.

A verdade é que foram as políticas de incentivo ao endividamento que levaram os portugueses a pedir empréstimos  e ficar endividados por vinte, trinta, cinquenta anos. E quando viram que o Estado arrecadava menos em impostos que o que estava obrigado a gastar, com a ajuda dos traidores, encontraram essa brecha na cidade e por aí entraram com a lista de exigências e com a lista de compras aos desbarato. Para dividir as defesas da cidade, fizeram constar que a culpa era dos funcionários públicos, dos professores, dos polícias , dos médicos, dos juízes e dos militares.  Assim lançaram um ataque ao  país, tal como os bárbaros roubavam as terras e os bens dos que atacavam. Fazem-no com  um programa de empobrecimento que começa por cortar na administração pública (funcionários públicos),  no ensino professores, na segurança (polícias) , na saúde (médicos), na justiça (juízes) , e na defesa (militares). Quando conseguem dividir  o povo e anular o sector que estrutura o Estado, passam ao ataque de todos os outros, públicos ou privados. Destroem o estado social, roubam os ativos  do país, tomam contam dos setores estratégicos: a comunicação (televisões e rádios) energia (produção e redes de distribuição) mobilidade (aviões, aeroportos, portos,  estradas e pontes), capacidade financeira (banca e seguros)  saúde (hospitais), segurança (pela redução e inoperacionalidade das forças armadas).

É a rapina e a razia.

Na Grécia Antiga, nunca mais se votava nos mesmos tiranos,  votava-se ao ostracismo o político a expulsar da cidade, prendiam-se os traidores e elegiam-se Assembleias com gente nova.
Assim se reconstruía a cidade com todas as mãos a juntar as pedras derrubadas.  

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Acordai! poema de José Gomes Ferreria




A letra:
Acordai!
Acordai, homens que dormis
A embalar a dor
Dos silêncios vis!
Vinde, no clamor
Das almas viris,
Arrancar a flor
Que dorme na raíz!

Acordai!
Acordai, raios e tufões
Que dormis no ar
E nas multidões!
Vinde incendiar
De astros e canções
As pedras e o mar,
O mundo e os corações...

Acordai!
Acendei, de almas e de sóis,
Este mar sem cais,
Nem luz de faróis!
E acordai, depois
Das lutas finais,
Os nossos heróis
Que dormem nos covais.

ACORDAI!

José Gomes Ferreira
(letra musicada por Fernando Lopes Graça para interpretação coral)

Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=45#ixzz27xJ7GnvU 

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segunda-feira, setembro 17, 2012

Novo video sobre manifestação anti-austeridade de 15 de Setembro em Lisboa

Um segundo video feito por mim durante a manifestação de 15 de Setembro de 2012 em Lisboa, na altura em que os manifestantes passavam pela Rotunda do Marquês de Pombal:

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domingo, setembro 16, 2012

Manifestação de 15 de Setembro: os números


Os números das várias manifestações de 15 de Setembro de 2012 contra a troika, o Governo e as (novas) políticas de austeridade, sob o lema “Que se lixe a troika. Queremos a nossa vida de volta.”

Os muitos milhares que estivemos nas manifestações, muitos publicando fotos e vídeos (vários deles publicados nos "sites" da imprensa) das várias manif’s e as capas dos jornaisdiários de hoje não deixam dúvidas contra a enorme dimensão do protesto. Tenham estado nas ruas quase 700.000 a 1 milhão de portugueses.

Lisboa - 500.000 manifestantes (números da organização)
Porto – 50.000 (dados PSP) a 100.000 (números da organização);
Coimbra - 20.000 (PSP)
Aveiro – 5.000 a 10.000 (PSP)
Viseu – 1.000 a 2.000 (dados PSP); 15.000 e 20.000 (organização)
Setúbal – 3.000 a 4.000 (dados da PSP); 6.000 a 7.000 (organização)
Faro – 1.000 (dados PSP); 3.000 a 4.000 (organização)
Leiria - 3.000 (organização)
Marinha Grande - 3.000 (organização)
Funchal (Madeira) - 2.000 (três fontes locais)
Beja - mais de 1.000 (organização); 2000
Vila Real - 1.500 (dados da PSP)
Braga - 5.000 (dados da PSP local); 7.000 (organização)
Loulé – 3.000 (“Precários Inflexíveis”)
Distrito de Castelo Branco: 2.500 (organização)
Castelo Branco - 1.500 (organização)
Covilhã - 1.000 (organização)
Portimão - 1.000 (segundo a Lusa)
Santarém – 1.200 (O Ribatejo) a 1.500 (“Precários Inflexíveis”)
Guarda – 1.000 (O Interior)
Caldas da Rainha – 1.000 (“Precários Inflexíveis”)
Évora - 500 pessoas (dados PSP; Lusa)
Torre de Moncorvo – 400 (“Precários Inflexíveis”)
Portalegre – 300 (R. Portalegre) a 400 (“Precários Inflexíveis”)
Açores – 300 (dados da PSP local) a 2.100 [Ponta Delgada – 2.000; Angra do Heroísmo – 100 (“Precários Inflexíveis”)]
Viana do Castelo – 300
Tomar – 200 (O Mirante)
Lamego – 200 (“Precários Inflexíveis”)
Bragança – 150
Guimarães – 100

No Distrito de Castelo Branco (somados manif's de Castelo Branco e da Covilhã) - 2.500 (organização)

Total - cerca de 669.000 (somatório do Expresso que não contabiliza dados de vários locais, a itálico localidades contabilizadas por este jornal)

Em dia de protesto nacional, mais um, este de importância regional, sendo que apesar de ter havido manifestantes em Bragança nesta grande manifestação nacional desconcentrada, em Macedo de Cavaleiros reuniram-se mais 1.500 pessoas (fonte JN) num protesto de todo o distrito contra a saída do Helicópetro do INEM.   

Dados com base em: Público, Jornal de Notícias, Diário de Notícias, Correio da Manhã, Expresso, O Mirante, Jornal i, O Ribatejo, O Interior, Rádio Portalegre e site dos “Precários Inflexíveis”.

Mais, aqui.

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Manifestações de 15 de Setembro: dia seguinte... as capas dos jornais






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sábado, setembro 15, 2012

Manifestação anti-troika e anti-Governo de 15 de Setembro em Lisboa

Manifestação contra a "troika" e o Governo, por alternativas à actual política de austeridade, pela demissão do Governo de coligação PSD/CDS-PP, na sequência de anúncios de mais medidas de austeridade, com o desemprego a não parar de subir, nos 15,7%, prevendo-se que ultrapasse os 16% em 2013 e da forma como as previsões falharem sempre em desfavor dos portugueses, cá estaremos para ver onde vai parar...

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terça-feira, setembro 11, 2012

Portugal e a crise, contestação ao Governo PSD/PP

Na mesma linha:

"Os 5,5 mil milhões que visa obter com esta insanidade política desenham sobre os céus de Portugal, em cego galope, dois cavaleiros do apocalipse. Fome e Morte, em sentido literal. (...) Se o senhor apagar a luz no fundo do túnel, o túnel vai virar poço."
(do "Editorial" do "Correio da Manhã", 11/09/2012, numa "carta ao primeiro-ministo")

O Arcebispo de Braga, citado pelo "Público", 11/09/2012, em declarações à "Ecclesia":
" 'Não sei até que ponto este povo de brandos costumes poderá aguentar durante muito tempo'. Salvaguardando que não está 'a incitar à violência' mas reconhece que 'as pessoas começam a ficar sem horizontes de um amanhã que possa dar tranquilidade' "

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domingo, setembro 09, 2012

Governos e Cidadania

Lembram-se de declarações alarmistas, insensatas e incendiárias a propósito de manifestações e greves agendadas, feitas por membros do Governo de Portugal, incluindo o PM, Pedro Passos Coelho? (aqui)
Recordem-se ainda de alguns actos em que se acusou a polícia de usar agentes provocadores, infiltrados na manifestação, para provocar desacatos e legitimar reacção das autoridades em desancarem e prenderem manifestantes? (aqui)

Convido à leitura deste texto integral, sobre este assunto, de que deixo um apontamento:
"Aos poderes instituídos, em certos momentos, dá-lhes jeito protestos, carros queimados na rua, pedras contra a polícia, opositores que possam identificar com facilidade. É a forma de reafirmar a legitimidade através da força. Basta um pretexto." 
(Vítor Balenciano, no texto "Indignação e esperança", na sua coluna "Apartes", na revista 2, do "Público", 09/09/2012)

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