Rapina e razia
Rapina e razia
Lembramo-nos das leituras de história antiga que uma
das formas de enriquecimento de uma família era a de tomar posse das terras de
outrem por razões de dívidas. Podendo a família espoliada continuar a viver na
terra que tinha sido sua, mas agora na condição de servidão. Outra forma era a
de clãs ou tribos, ou mesmo reinos invadirem pela força outros territórios efetuando
ataques de rapina das riquezas de que se apoderavam. Contavam normalmente com
traidores locais que lhes davam informações e lhes abriam as cidades a rapinar.
Regressavam ao eu território deixando o
outro empobrecido pela força. Por vezes, a razia era feita com tão grande intensidade de destruição, que deixava o território sem capacidade de se
regenerar por muito tempo. A tudo isto designamos barbárie.
Os tempos modernos criaram novas formas de
relacionamento entre os povos, mas permanece a barbárie travestida. Modernamente os rapinadores financeiros com
cúmplices locais fazem políticas de aliciamento económico a cidadãos com vista a obter a
sua dependência e servidão. Depois de endividados exigem juros agiotas e
impagáveis. Dessa forma, fazem
aumentar a dívida e os juros. Com a ameaça de que não emprestam mais dinheiro
aos endividados, fazem exigências de cortes que afetam a vida das pessoas. E
para garantir o pagamento exigem que lhes vendam por barato tudo o que é
rentável e lhes interessa. É a rapina e a razia.
O modo como atuaram em Portugal é elucidativo. Em combinação com o governo, não fizeram uma
política de arrendamento e empurraram os portugueses para a compra de casa,
dizendo que lhes pagariam os juros através do retorno em IRS. Ora o IRS é
dinheiro do Estado, ou seja de nós todos. Como o governo não pode passar diretamente
para os bolsos dos banqueiros o dinheiro que é de nós todos, arranjou essa
triangulação. Dava-nos no IRS o que nós dávamos nos juros. Assim se fez passar
Milhões do Orçamento de Estado para os lucros das financeiras. Mas as grandes
construtoras também quiseram entrar no roubo. A maneira de passar dinheiro do
Orçamento de Estado para os grandes grupos económicos era encomendar obras não
necessárias ou de preços inflacionados. Através do Governo ou das Autarquias
fez-se passar milhões do que se recolhia em impostos para os cofres dos grandes
grupos. Foram as encomendas dos Centros Culturais, Estádios, Scuts, PPPs, com
contratos que garantiam rendas por várias décadas aos grupos económicos.
A verdade é que foram as políticas de incentivo ao
endividamento que levaram os portugueses a pedir empréstimos e ficar endividados por vinte, trinta,
cinquenta anos. E quando viram que o Estado arrecadava menos em impostos que o
que estava obrigado a gastar, com a ajuda dos traidores, encontraram essa
brecha na cidade e por aí entraram com a lista de exigências e com a lista de
compras aos desbarato. Para dividir as defesas da cidade, fizeram constar que a
culpa era dos funcionários públicos, dos professores, dos polícias , dos
médicos, dos juízes e dos militares.
Assim lançaram um ataque ao país,
tal como os bárbaros roubavam as terras e os bens dos que atacavam. Fazem-no
com um programa de empobrecimento que
começa por cortar na administração pública (funcionários públicos), no ensino professores, na segurança
(polícias) , na saúde (médicos), na justiça (juízes) , e na defesa (militares).
Quando conseguem dividir o povo e anular
o sector que estrutura o Estado, passam ao ataque de todos os outros, públicos
ou privados. Destroem o estado social, roubam os ativos do país, tomam contam dos setores
estratégicos: a comunicação (televisões e rádios) energia (produção e redes de
distribuição) mobilidade (aviões, aeroportos, portos, estradas e pontes), capacidade financeira
(banca e seguros) saúde (hospitais),
segurança (pela redução e inoperacionalidade das forças armadas).
É a rapina e a razia.
Na Grécia Antiga, nunca mais se votava nos mesmos
tiranos, votava-se ao ostracismo o
político a expulsar da cidade, prendiam-se os traidores e elegiam-se Assembleias
com gente nova.
Assim se reconstruía a cidade com todas as mãos a juntar as
pedras derrubadas.
Etiquetas: Cultura Clássica, economia, Estado, política, Rapina, Razia
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