Haja memória: Aristides de Sousa Mendes
Cronologia de uma proposta "engavetada"...
Sobre
Aristides de Sousa Mendes:
Um
bem-haja cívico à autarquia albicastrense…*
Eis
que esta semana, à distância, via Internet, me chega a notícia pela imprensa de Castelo Branco, primeiro a notícia (ver pág. 5) do jornal "Povo da Beira", datada de 13 de Maio de 2014, a notícia pelo jornal "Gazeta do Interior", de 14 de Maio de 2014 e também sobre o mesmo assunto a notícia pelo
jornal “Reconquista”, de 15 de Maio de 2014, duma homenagem no passado dia 9 de Maio a Aristides de Sousa Mendes, em Castelo Branco, tendo a participação da Câmara Municipal, do Centro Social Padres
Redentoristas, do Agrupamento de Escolas Afonso de Paiva e do Agrupamento de
Escolas Amato Lusitano, que se associaram à Fundação Aristides de Sousa Mendes, a qual lançou um desafio a nível nacional para uma comemoração por ocasião dos 60 anos data da sua morte.
É com grata surpresa
que vejo, de alguma forma, acolhida uma proposta que fiz no espaço público no
Outono de 1998.
Por
isso este é um texto de agradecimento e de apelo à memória.
Agradecimento ao
senhor Presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco, o Dr. Luís Manuel
Correia, por estar envolvido nesta homenagem a Aristides de Sousa Mendes e à
sua mulher Angelina, com o memorial (ver aqui a notícia da RTP) que esta semana se inaugurou, nada menos
que, no Centro Cívico da nossa cidade de Castelo Branco, o local proposto por mim
para a colocação de uma estátua em sua homenagem e cito da minha proposta
publicada no jornal “Reconquista”, em 6 de Novembro de 1998:
“a edificação duma estátua na cidade de
Castelo Branco a Aristides de Sousa Mendes, a situar-se (…) no local do futuro
Centro Cívico, como símbolo de uma cultura de tolerância e respeito mútuo, que
estou certo, aspiramos que seja a bandeira (futura) da “polis” Albicastrense”.
Não houve estátua,
nem rua (ou Avenida) como propusera, mas um memorial no local por mim sugerido.
Apelo à memória…
Estávamos no ano de 1998,
quando tomei a iniciativa de propor aos órgãos autárquicos albicastrenses,
dirigindo-me aos respectivos presidentes: ao Presidente da Câmara Municipal de Castelo
Branco (Joaquim Morão, então no seu primeiro mandato, era seu vereador eleito
nas listas do PS o Dr. Luís Correia), ao Presidente da Assembleia Municipal de Castelo
Branco (o saudoso Dr. Manuel João Vieira) e ao Presidente da Junta de Freguesia
de Castelo Branco (o também já falecido Clemente Rosa Mouro), se bem que o
principal destinatário era a Câmara Municipal, porque era quem no caso tinha
poder decisório sobre a proposta.
Enviei uma carta a cada
um dos órgãos eleitos em finais de Outubro de 1998, a dias depois publiquei o
conteúdo da carta em carta aberta na imprensa local (“Reconquista”, no caso),
publicado no dia 6 de Novembro de 1998 (texto publicado no meu livro
“Manifestos contra o medo: antologia de uma intervenção cívica”, Castelo Branco:
Casa Comum das Tertúlias, 2011)
A minha proposta tornada pública na "Reconquista" em 1998...
e levei o assunto a uma sessão da Assembleia Municipal
de Castelo Branco em Dezembro de 1998, sendo a proposta notícia na imprensa
local, num texto assinado pela jornalista Paula Nogueira na “Gazeta do
Interior”, datado de 24 de Dezembro de 1998.
A notícia da "Gazeta do Interior", referindo a minha proposta na AMCB em 1998...
Na referida sessão da
AMCB pedi a palavra como cidadão, no espaço previsto no regulamento da AMCB,
lançando a proposta que Castelo Branco fizesse uma homenagem a um herói
português, ainda desconhecido à época por muitos, Aristides de Sousa Mendes, o
Cônsul de Bordéus, um Humanista que arriscou a cabeça para salvar muitos
milhares perseguidos pelos nazis.
Na mesma sessão da AMCB
foi feita outra proposta de um monumento ao… Milénio… ao Tempo, portanto, essa
rapidamente concretizada em forma de rotunda, uma das maiores da cidade numa
das saídas para Lisboa. Ou seja, acharam prioritário, mais interessante
homenagear algo abstracto, algo impessoal, como o Tempo do que uma personalidade
que não foi herói pelos muitos inimigos da Pátria a que tirou a vida, mas pela
sua assinatura e coragem por via da qual deu nova vida a muitos milhares de
pessoas… prioridades!
Foram passando os anos
e fui lembrando à autarquia a proposta…
Em Fevereiro de 2000
publiquei um artigo no n.º 19 da revista Raia dedicado a Aristides de Sousa
Mendes. (texto publicado no meu livro “Manifestos contra o medo: antologia de
uma intervenção cívica”, CB: CCT, 2011)
Em 1 de Março de 2001
lembrei a autarquia a minha proposta e perguntava sobre o ponto da situação da mesma… fiquei sem resposta. (texto publicado no meu livro “Manifestos contra o
medo: antologia de uma intervenção cívica”, CB: CCT, 2011)
Aproveitando que em
Novembro de 2008 a CM Castelo Branco, com as autarquias de Belmonte, Fundão e
Covilhã, promoveram uma quinzena cultural de homenagem a ASM, em 28 de Dezembro
de 2009 voltei a colocar a questão numa sessão da AMCB… (texto inédito a ser publicado
no meu novo livro)
O folheto da quinzena cultural promovida em 2008...
Em 2010 voltei à carga,
escrevendo ao Presidente da CMCB Joaquim Morão para saber o ponto de situação…
e, surpresa! Só então o assunto iria ser levado à Comissão Toponímica…
pois apesar do bom acolhimento na AMCB de 1998… não teve consequência!
a resposta do autarca, Joaquim Morão,
à minha insistência sobre o ponto de situação da minha proposta
de homenagem a ASM...
pois apesar do bom acolhimento na AMCB de 1998… não teve consequência!
Em 3 de Fevereiro de
2012, em Castelo Branco, no Bar Património, na tertúlia onde foi feito o
lançamento do meu livro “Manifestos contra o medo: antologia de uma intervenção
cívica”, aproveitando a presença do então vereador da CMCB, o Dr. Luís Manuel
Correia, voltei a lembrar a proposta… mais uma vez não manifestando muito
interesse no assunto ou desejo de levá-lo avante… passam dois anos… a surpresa
chega-me pelos jornais!
Refiro que a minha
proposta é do conhecimento da família de ASM, nomeadamente de António Moncada de Sousa Mendes,
desde Agosto de 2010.
No filme “Aristides deSousa Mendes: O Cônsul de Bordéus” (2011), infelizmente foi esquecido o nome da
primeira mulher de ASM, Angelina, que tanto apoiou Aristides na decisão de
salvar tantos milhares de pessoas, passando os vistos salvadores.
Exposição bibliográfica sobre "Aristides de Sousa Mendes"
organizada por mim numa biblioteca escolar em 2011...
Por fim, na qualidade
de professor, profissão que exerço desde maio de 2000, quero referir a
preocupação sempre manifestada junto dos meus alunos, em geral do 2.º ciclo do
ensino básico, fosse nas aulas de História e Geografia de Portugal, fosse em
Língua Portuguesa ou em Formação Cívica, de dar-lhes a conhecer o exemplo de
ASM, fosse no contexto do Dia dos Direitos Humanos, do Dia Contra a Racismo ou
do Dia Contra o Antissemitismo… através de trabalhos escolares, seja levando
livros sobre ele para as aulas para os alunos terem essa referência de leitura,
seja emprestando livros sobre ASM para que os alunos o conhecessem ou ainda
recorrendo a uma exposição bibliográfica sobre este herói português que
organizei na biblioteca escolar do Agrupamento de Escolas Elias Garcia (Sobreda,
Almada) em 2011… nos meus primeiros anos de docente o seu nome não era referido
nos manuais escolares de 6.º ano de História e Geografia de Portugal, se bem
que a situação mudou nos últimos anos, passando também os manuais de Educação
Moral e Religiosa Católica a fazer referências a ASM.
Um comentário final... nada tenho, antes pelo contrário, contra o bom acolhimento por parte da Câmara Municipal de Castelo Branco relativamente à quinzena cultural promovida em 2008 e esta iniciativa lançada pela Fundação Aristides de Sousa Mendes a que se associou a autarquia albicastrense... apenas lamento que a minha proposta de dar um nome a uma avenida (esqueçamos a outra alternativa, a da estátua, bem mais dispendiosa) em Castelo Branco, nunca tenha visto a luz do dia... será tão grande a lista de espera que a Comissão Toponímica de Castelo Branco tem nas suas mãos... ou o problema não é da proposta em si (já que a CMCB se tem associado a homenagens a este diplomata humanista), mas do originário da proposta? O autor deste texto!?
Um comentário final... nada tenho, antes pelo contrário, contra o bom acolhimento por parte da Câmara Municipal de Castelo Branco relativamente à quinzena cultural promovida em 2008 e esta iniciativa lançada pela Fundação Aristides de Sousa Mendes a que se associou a autarquia albicastrense... apenas lamento que a minha proposta de dar um nome a uma avenida (esqueçamos a outra alternativa, a da estátua, bem mais dispendiosa) em Castelo Branco, nunca tenha visto a luz do dia... será tão grande a lista de espera que a Comissão Toponímica de Castelo Branco tem nas suas mãos... ou o problema não é da proposta em si (já que a CMCB se tem associado a homenagens a este diplomata humanista), mas do originário da proposta? O autor deste texto!?
Luís Norberto Lourenço, em 2010, junto à Casa do Passal,
antiga casa de Aristides de Sousa Mendes...
Professor de Língua Portuguesa como Língua
Estrangeira em Guadalajara (México).
Licenciatura em História: ramo científico,
Universidade Lusíada (Lisboa, 1999).
Pós-graduação em Educação e Organização de Bibliotecas,
Instituto Politécnico da Guarda (2011). Curso de Formação Avançada sobre o
Holocausto, Universidade Católica de Lisboa (2012). Diplomado em “Museología y
Museografía”, Universidad de Guadalajara (México, 2013)
Guadalajara
(México), 16 de Maio de 2014
Nota editorial:
Texto publicado na edição "on line" do jornal "Reconquista", 25 de Maio de 2014.
Texto publicado na edição "on line" do "Jornal de Oleiros", 3 de Junho de 2014.
Etiquetas: Aristides de Sousa Mendes, Casa do Passal, Castelo Branco, Cônsul de Portugal em Bordéus, Holocausto, Homenagem, vistos
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